Os Bebés sabem que falamos, com os olhos.
Eles são as janelas com que apanhamos sol por dentro e as cortinas com que tentamos esconder as coisas
que não falamos...com a boca. Os bebés aconchegam-se num olhar terno, espreguiçam-se num olhar luminoso,
distraem-se com um olhar ansioso, assustam-se com um olhar deprimido aterrorizam-se com um olhar baço e vazio.À Dimensão de uma grande orquestra, o olhar é um piano: guia-nos por entre os sons, embala-nos com graves e chama-nos com os agudos.À dimensão de uma grande orquestra, a pele e o toque são metais:
Criam uma atmosfera que ora acolhe ora torna uma conversa ácida ou agreste. Os bebés sabem que o silêncio é a forma de alguém falar dentro de nós, pelo modo como o sentimos,como nos expande ou nos assusta.À dimensão de uma grande orquestra,o silêncio são as cordas: fazem voz grossa,como o violoncelo,ou sintonizam-nos com o protagonismo do piano.Os Bebés sabem que há uma gramática do silêncio que "corre"por dentro das palavras:musical, rítmica, melódica,expressiva,rebelde e insubmissa,que guarda tudo o que não somos capazes de dizer quando falamos com as palavras ,que se perde por entrelinhas, e nos intervalos em que se respira..NASCER é, afinal, reinventar o mundo e também renascermos,nós próprios, uma vez mais, Dr.Mário Cordeiro, livro A Poesia do Nascer, Henriqueta de Góis.
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